O que é Historiador da Arte?
Para se falar sobre o trabalho do historiador da arte é necessário, a priori, definir o que é História da Arte.
Segundo o texto de Giulio Carlo, a História da Arte “visa explicar historicamente toda a fenomenologia da arte”,
indo além do simples reagrupamento de fatos artísticos dentro de certa ordem.
Assim, a História da Arte tem como objetivo estudar a arte não como
reflexo, mas como um agente da história. Esta premissa é revalidada quando
discutimos juízo crítico e valor artístico de uma obra de arte.
Em nossa
contemporaneidade, uma obra de arte é considerada como tal quando tem
importância na História da Arte e contribuiu para a formação e desenvolvimento
de uma cultura artística. O juízo que reconhece a qualidade artística de uma
obra, automaticamente deve reconhecer também sua historicidade.
Em suma, a História da Arte busca, no estudo da produção artística,
encontrar as relações entre a produção artística e as condições materiais e
espirituais de seu tempo.
Nesse sentido, antes do valor específico de obras já consagradas, a História da Arte responsabiliza-se em identificar as características plásticas
das mesmas, seus usos sociais, o tipo de consideração e valor que os homens do
seu tempo nutriam por elas.
Tal catalogação e organização de obras, (seu tempo e seus valores de
juízo e artísticos) exige a intervenção da interpretação e da avaliação, estreitando os laços entre História da Arte e Crítica da Arte.
Neste cenário, surge o trabalho do historiador da arte, que é
decompor a obra de arte nas suas muitas componentes culturais, analisando-a
como um conjunto de relações e de fatores interatuantes.
O historiador da arte trabalha com fontes, que são os documentos que
comprovam ou justificam as suas afirmações. Esses documentos, por serem ricamente diversificados, são distribuídos em categorias:
1 - Os objetos em si (pinturas, esculturas,
arquiteturas, etc);
2 - Documentos do processo de criação (desenhos, esboços,
rascunhos e anotações);
3 - Testemunhos contábeis e administrativos (inventários,
contratos de trabalho, compra e venda, encomendas, etc);
4 - Relatos críticos
(textos escritos a respeito da obra, artista ou período correspondente).
Como as fontes são à base do trabalho do historiador da arte e um dos itens que
conferem o caráter de validade e cientificidade aos seus textos, dentro do
possível, o trabalho do historiador deve processar-se sobre os originais, pois
nenhum juízo decisivo pode ser feito a partir de reproduções, por melhores e
mais perfeitas que sejam.
O objetivo do trabalho do historiador da arte é explicar a obra de arte
como um sistema de relações indiretas e em longo prazo (na maioria das vezes).
Os confrontos provenientes deste estudo do historiador de arte é que revelam os
percursos por vezes complicados do artista/obra.
Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. Preâmbulo ao
estudo da história da arte. In: & FAGIOLO, Maurizio. Guia da história
da arte. trad. M.F.G. de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1992.
DIAS, Lincoln Guimarães. Teoria
da Linguagem Visual. Vitória, ES: Universidade Federal do Espírito Santo,
Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2011.